AVALIAÇÃO DE CAPACIDADES OPERACIONAIS DE COMBATE: CONCEITUAÇÃO, TAXONOMIA E PRÁXIS

Resumo

O planejamento estratégico e a gestão da defesa de qualquer país são processos extremamente complicados, não só devido à inerente complexidade da guerra e dos sistemas de armas atuais, mas também porque envolve a definição, desenvolvimento e sustentação de capacidades operacionais necessárias para possíveis

cenários futuros de emprego, para os quais existem grandes incertezas. A avaliação é um dos instrumentos centrais da gestão de qualquer grande organização. Organizações públicas ou privadas, não envolvidas com o atendimento de necessidades de defesa, podem contar com retornos relativamente imediatos sobre a qualidade e acurácia de suas avaliações, pois atuam continuamente em ambientes relativamente estáveis. Este não é o caso das necessidades da defesa, que têm nas dinâmicas da paz e da guerra ambientes muito diferenciados. O processo de avaliação de capacidades operacionais de combate possui dois grandes propósitos: a) Permitir a obtenção de uma expectativa mais realista do desempenho militar, objetivando diminuir incertezas associadas ao emprego real das Forças; e b) Reorientar o esforço de projeto de Força através da proposição de modificações e aperfeiçoamentos nos fatores determinantes da capacidade operacional de combate, ou seja, doutrina, organização, treinamento, equipamento, liderança, pessoal e infraestrutura e apoio para o combate.

Para a avaliação de capacidades operacionais de combate se faz necessária uma visão holística do relacionamento existente entre estas, as missões recebidas, as ações do inimigo e o ambiente em que isso acontece. Como os cenários de emprego só são reais com a guerra, é prudente uma avaliação criteriosa das capacidades desenvolvidas antes do combate, simulando-se a missão, o inimigo e o ambiente do presente e, principalmente, do futuro. Este trabalho apresenta uma conceituação e descrição, e propõe uma taxonomia do processo de avaliação aplicável a projeto, desenvolvimento e sustentação de capacidades operacionais derivadas de projetos de força. Apresenta também uma descrição de como esses processos são desenvolvidos em alguns países e a situação do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento Estratégico da Defesa,

Capacidade Militar, Avaliação de Capacidade

ABSTRACT: The strategic planning and the management of defense everywhere are ighly complicated processes, due to not only inherent war and modern weapon systems complexities, but also because it involves the definition, development and sustaining of combat capabilities required by future employment scenarios, which present great uncertainties. Evaluation is one of the core tools for the management of any big organization. Public and private organizations, not involved with defense matters, may rely on   quick feedbacks about the quality and accuracy of their evaluations, because they operate continuously in relatively stable environments. This situation does not apply to defense, which faces very different environments in peace and war times.  The combat operational capabilities evaluation process has two main goals: a) To allow the gathering of more realistic evidences about military performance, with a view to reduce uncertainties about the Force Employment Effectiveness; and b) Reorient Force planning through the proposition of modifications and improvements in combat operational capabilities factors, such as doctrine, organization, training, materiel, leadership, personnel, facilities and combat support.

Combat operational capabilities evaluations require a holistic view of the existing relationship among them, the accepted missions, enemy actions and the environment where combat occurs. Since employment scenarios will be realistic only during war, prudence dictates careful evaluations of the developed combat capabilities before combat engagement, simulating the mission, the enemy and the environment, both present and future.

KEY WORDS: Defense Strategic Planning; Military Capability, Capability Evaluation